| CAMINHO 
DA RENÚNCIA PELO CONHECIMENTO   KARMA-YOGA É UM ANTIGO 
MANDAMENTO ESQUECIDO   O Senhor Krishna disse: Eu ensinei este 
Karmayoga, a ciência eterna da reta-ação, para o rei Visvavan; Visvasvan 
ensinou-o a Manu; Manu ensinou-o para Ikshvaku. Deste modo, os santos reis 
conheceram esta ciência da ação própria (Karmayoga), passando para as próximas 
gerações sucessivamente. Após um longo tempo, esta ciência perdeu-se por sobre a 
Terra. Hoje, eu descrevi esta mesma ciência antiga para você, porque você é meu 
devoto sincero e amigo. Esta ciência é, realmente, um mistério supremo 
(4.01-03).    Karmayoga, discutido no capítulo anterior, foi 
declarado pelo Senhor como a suprema ciência secreta da reta-ação. De acordo com 
Swami Karmananda, ninguém pode praticar karmayoga, ou, mesmo entendê-la, a menos 
que o Senhor em si mesmo revele Sua ciência secreta,    Arjuna disse: Você nasceu depois, mas Visvasvan 
nasceu nos tempos antigos. Como posso eu entender que Você ensinou esta ciência 
no começo da criação? (4.04)    Arjuna questiona Krishna, um contemporâneo seu, 
como é que ele pôde ensinar esta ciência de Karmayoga para o rei Visvavan, que 
nasceu nos tempos da aurora do mundo, muito antes de Krishna. A doutrina do 
Bhagavad-gita não possui mais do que cinco mil anos de idade; e aquilo é muito 
antigo. O Senhor Krishna fala novamente no Gita para o benefício da humanidade, 
com ele todos os grandes mestres recuperam-se, acendendo o fogo da verdade 
esquecida. Pessoas diferentes tem dito: nós o ouvimos e o  lemos em tempos diferentes. 
   O PROPÓSITO DA INCARNAÇÃO DE 
DEUS   O Senhor Krishna disse: ambos, você e Eu, 
tivemos muitos nascimentos. Eu me lembro de todos eles, Ó Arjuna, mas você não 
se lembra. (4.05)   Apesar de Eu ser eterno, 
imutável, e o Senhor de todos os seres, todavia, Eu me manifesto pelo controle 
da natureza material, usando minha própria energia potencial. (4.06 - veja, 
também, 10.14)   A divina energia cinética (Maya) é 
sobrenatural; extraordinário e místico poder de Deus. A natureza material é 
considerada o reflexo de Maya. Diz-se que o Senhor criou Maya que nos engana e 
nos controla. A palavra “Maya”, também significa o irreal, ilusório, ou 
enganadora imagem da realidade. Devido ao poder de Maya, alguém considera o 
universo existente e distinto do Ser Supremo. A luz eterna é invisível energia 
potencial; Maya é energia ciência, a força de ação do Senhor. Eles são 
inseparáveis como o fogo e o calor. Maya é também usada como sendo uma metáfora 
para explicar o mundo visível para as pessoas.  
   Toda 
a vez que há um declínio do Dharma (reto-agir; Justiça) e a predominância  de Adharma (injustiça), Ó Arjuna, Eu Me 
manifesto. Eu apareço de tempos em tempos para proteger os bons, para mudar os 
malvados, e restabelecer a ordem no mundo (Dharma). 
(4.07-08)   O Ser Supremo é tanto divino como humano (AV 
4;16;08). Os profetas aparecem de tempos em tempos como revelação divina 
preocupando-se com o bem-estar da sociedade. A toda hora nascem canalhas para 
destruir a ordem do mundo (Dharma), e o Bom Senhor incarna-se para colocar as 
coisas no seu devido equilíbrio (VR 7.08.27). Sua compaixão é a principal razão 
para as Suas incarnações (SBS 49). Existem outras razões, além da proteção da 
justiça (Dharma), para as incarnações do Senhor. O Ser Supremo, o qual está além 
do nascimento e da morte, incarna-se na forma humana através de uma grande alma 
para satisfazer as saudades dos devotos que querem vê-lO, e estar na sua 
presença pessoal. O santo Tulasidasa disse: “Apesar de ser destituído de 
atributos materiais, independente, e imutável, mesmo assim, pelo amor de Seus 
devotos, o Senhor assume a forma com atributos (TR 2.218.030). 
 O senhor executa muitas coisas comuns, humanas, 
e também incomuns e passatempos controversos, justamente para agradar Seus 
devotos ou para acertar as coisas. O seres humanos comuns não podem entender as 
razões por detrás destes passatempos e, portanto, apressam-se no julgamento das 
atividades do Senhor quando Ele incarna. Grandes personalidades e encarnações 
são algumas vezes percebidas como tendo ações contrárias às regras escriturais, 
assim como um rei possui a liberdade de quebrar certas regras. Estes atos são 
realizados por um propósito muito bom, com uma razão além da compreensão humana. 
Não se deve criticar e nem seguir tais atos.   
 Ramakrishna disse que viveria num corpo sutil 
por trezentos anos nos corações e nas mentes dos seus devotos. Yogananda disse: 
“Enquanto as pessoas neste mundo estão chorando por ajuda, eu retornarei para 
ocupar meu barco e oferecê-lo para guiá-los para a margem celeste”.              
                 Aquele que verdadeiramente entende Minha 
aparência transcendental, e atividades da criação, manutenção, e dissolução, 
alcança Minha Suprema Morada, e não volta a nascer após abandonar este corpo, Ó 
Arjuna (4.09).   Desenvolve-se amor a Deus por estudar e ouvir o 
nascimento transcendental e os atos travessos do Senhor, como é narrado pelos 
santos e sábios nas escrituras. O verdadeiro entendimento da natureza 
transcendental das formas do Senhor, Sua incarnação e Suas atividades, é o 
auto-conhecimento que conduz à salvação.    Muitos têm se tornado livres do apego, medo, 
ira e alcançam a salvação por refugiarem-se em Mim, tornando-se completamente 
absorvidos em pensamentos em Mim, e por receber a purificação do fogo do 
auto-conhecimento (4.10)   CAMINHO DA ADORAÇÃO E 
ORAÇÃO   Não importa o motivo que as pessoas Me adoram, 
Eu,  conseqüentemente, realizo os seus 
desejos. As pessoas Me adoram com diferentes motivos 
(4.11)   Peça e você irá receber; procure e você irá 
encontrar; bata, e a porta será aberta para você (Lucas, 11.09). É  devido a divina ilusão (Maya) que a maioria 
das pessoas procuram, temporariamente, ganhos materiais como saúde, riqueza e 
sucesso, e não auto-conhecimento e devoção aos pés de lótus do Senhor.. 
   Aqueles que estão ansiosos por sucesso em seu 
trabalho neste mundo adoram os controladores celestes. O sucesso no trabalho 
chega rapidamente neste  mundo humano 
(4.12).   Você daria uma pedra ao seu filho quando ele 
lhe pedisse um pão? (...) O Pai no céu dará boas coisas para aqueles que pedirem 
para Ele (Mateus, 7.09-11). Quando você pedir por alguma coisa em oração tenha 
fé, e acredite que você recebeu isto, e isso será dado para você (Marcos, 
11.24). Em oração pede-se ajuda ao Senhor e recebe-se o se que necessita; com 
devoção adora-se, glorifica-se e se agradece a Ele pelo que se tem. 
Primeiramente seja consciente e observe o seu empenho, sinta-se auxiliado em 
sair da dificuldade, então procure ajuda divina – pela oração – num estado de 
ajuda com fé intensa. O Senhor dará os primeiros passos se você conhecer sua 
dificuldade, e tentará auxiliá-lo na transformação. Descubra-se a si mesmo – 
abra-se, confesse – para o Senhor enquanto você está rezando, seja específico no 
que você pedir, e clame por Sua ajuda.      Todos 
os que rezam são respondidos; mas o rezar para o benefício dos outros é 
concedido como primeira prioridade. O Senhor realmente conhece nossas 
necessidades o tempo todo, e simplesmente espera para ser convidado para 
ajudar-nos, devido ao nosso livre arbítrio. Meditação é o escutar de Deus pela 
tranqüilidade da mente, e assumindo uma postura receptiva para ouvir as 
instruções do Senhor, percepções e revelações. Por exemplo, abrace a atitude: 
Obrigado por atender minhas preces e por tudo que Você deu para mim, mas agora o 
que Você quer que eu faça com o que Você tem me dado? Então, tendo dito isto, 
estando sempre alerta, tente escutar. Reze de forma que você possa falar com 
Deus e contar a Ele como você está e o que você fez. Medite então que Deus pode, 
efetivamente, dizer a você o que você necessita fazer.    A DIVISÃO DO TRABALHO ESTÁ 
BASEADA NA APTIDÃO DA PESSOA   Eu 
criei as quatro divisões da sociedade humana baseado na aptidão e na vocação. De 
qualquer forma, Eu sou o autor deste sistema de divisão do trabalho; deve-se 
saber que Eu não faço nada diretamente, e que Eu sou eterno (4.13). Veja-se, 
também, 18.41.   O trabalho, ou Karma, não prendem a Mim, porque 
Eu não possuo desejo pelos frutos do trabalho. Aquele que plenamente entende, e 
pratica esta verdade, também não fica atado pelo Karma 
(4.14).   Aqueles que querem ser os primeiros deverão ser 
o servo de todos (Marcos 10.44). Todos os trabalhos, incluindo orações, devem 
ser direcionados para uma causa justa, e, de preferência, para um ganho pessoal 
honesto.   
 Os antigos buscadores da salvação, também, 
realizaram suas obrigações sem interesse pelos frutos. Portanto, você deve 
realizar as suas obrigações como os antigos fizeram 
(4.15).   APEGO, DESAPEGO, E AÇÕES 
PROIBIDAS   Mesmo um sábio confunde-se sobre o que é ação e 
o que é inação. Portanto, Eu explicarei claramente o que é ação; conhecendo isto 
se é liberado do mal do nascimento e da morte (4.16).   A verdadeira natureza da ação é muito difícil 
de ser entendida. Portanto, deve-se conhecer a natureza da ação apegada, a 
natureza da ação desapegada, e, também, a natureza da ação proibida 
(4.17).   A ação apegada é o trabalho egoísta, feito no 
modo da paixão, que produz o cativeiro kármico e conduz a reencarnação. A ação 
desapegada é o serviço altruísta, feito no modo da bondade, que conduz à 
salvação. A ação desapegada é considerada inação porque, pelo ponto de vista 
kármico, não há execução de ação. A ação proibida pelas escrituras, feita no 
modo da ignorância, é a que causa danos, tanto para sociedade como para o 
fazedor da ação; ela gera desgraça no presente e no futuro.         
 UM KARMA-YOGI NÃO ESTÁ SUJEITO 
ÀS LEIS KÁRMICAS   Aquele 
que vê a inação na ação e a ação na inação, é uma pessoa sábia. Tal pessoa é um 
yogi e possui tudo por completo (4.18). Veja, 
também, 3.05; 3.27; 5.28 e 13.29   Todos os atos são atos do Ser Supremo, o ator 
inativo. A Bíblia diz: “As palavras que você fala não são suas; elas vêm do 
Espírito do seu Pai (Mateus, 10.20). O sábio percebe o inativo, infinito e 
invisível reservatório da energia potencial do Supremo como a origem última de 
toda a energia cinética no cosmos, da mesma forma que a eletricidade invisível 
faz girar um ventilador. O motivo e o poder da ação vêm do Ser Supremo. 
Portanto, deve-se espiritualizar todo o trabalho pela percepção de que nada se 
faz em nada, e que tudo comporta-se de acordo com a energia do Ser Supremo, 
usando-nos somente como um instrumento.  
   Aquele cujos desejos tenham se tornado livres 
do egoísmo, tendo sido tostado pelo fogo do auto-conhecimento, é chamado de 
sábio pelo sábio (4.19)   Aquele 
que abandonou ao apego egoísta pelos frutos do trabalho, e que permanece sempre 
contente, dependente do Deus único, tal pessoa – apesar de ocupada em atividade 
– nada faz que incorra em reação kármica (4.20)   Aquele que está livre dos desejos, cuja mente e 
sentidos estão sob controle, e que tem renunciado todo o direito de propriedade, 
não incorre em pecado – a reação kármica – por realizar ação material 
(4.21).   Um Karmayogi – que está contente com qualquer 
ganho advindo naturalmente da Sua vontade; que não se afeta pelo par de opostos; 
que está livre da inveja; que é tranqüilo no sucesso e no fracasso – não é atado 
pelo Karma (4.22).    Todas as obrigações de um 
Karmayogi – que está livre do apego, em que a mente está fixa no 
auto-conhecimento, e que faz o trabalho como um serviço para o Senhor – 
desfazem-se (4.23).   O 
divino espírito é a causa transformadora de tudo. A Divindade (Brahman, o Ser, o 
Espírito) será realizada por aqueles que consideram tudo como uma manifestação 
(ou um ato) do Divino (4.24). Veja, 
também, 9.16.   A vida, em si mesma, é um eterno queimar do 
fogo onde a cerimônia de sacrifício é fixa e continuada. Cada ação deve ser 
pensada como sendo um sagrado sacrifício; um ato sagrado. Tudo não é o Ser 
Supremo, mas o Ser Supremo é a raiz ou base de tudo. Alcança-se a salvação e nos 
tornamos uno com o Ser Supremo quando percebe-se que o Ser Supremo em toda a 
ação; percebe-se as coisas que se usa como transformação do Ser Supremo e 
entende que o completo processo de toda a ação é também o Ser 
Supremo.   DIFERENTES TIPOS DE PRÁTICAS 
ESPIRITUAIS OU SACRIFÍCIOS   Alguns yogis realizam o serviço de adoração aos 
controladores celestiais, enquanto outros estudam as escrituras para o 
auto-conhecimento. Alguns controlam os seus sentidos e abandonam seus prazeres 
sensuais. Outros, realizam respiratórios, e outros oferecem sua riqueza como um 
sacrifício (4.25-28)   Há os que se ocupam nas 
práticas yóguicas, alcançando o estado de transe do cessar do movimento do 
alento, pelo oferecer a inalação dentro da exalação, e da exalação dentro da 
inalação, como um sacrifício (pelo uso da respiração curta, nas técnicas de 
Kriya yoga) (4.29).    O profundo significado espiritual e a 
interpretação de práticas yóguicas nos versos: 4.29, 4.30, 5.27, 6.13, 8.10, 
8.12, 8.13, 8.24, e 8.25, não podem ser explicados aqui. Eles devem ser 
adquiridos de um mestre auto-realizado em Kriyayoga.     O 
processo de respiração pode ser resumido a seguir por: (1) Vigiar a respiração 
no movimento de ir e vir do diafragma, prestando atenção como as  ondas do mar, sobem e descem; (2) Praticando 
a respiração diafragmática (ou respiração profunda yóguica), e (3) Usando as 
técnicas yóguicas e o Kriyayoga. A meta da prática yóguica é alcançar a 
superconsciência ou estado de transe respiratório pelo controle gradual do 
processo respiratório.                 
 Outros restringem suas dietas e oferecem suas 
inalações como um sacrifício dentro de suas inspirações respiratórias. Todas 
estas pessoas são conhecedoras do sacrifício e suas mentes tornam-se purificadas 
pelos seus sacrifícios (4.30).    Aqueles 
que realizam o serviço desapegado obtém o néctar do auto-conhecimento, como um 
resultado de seus sacrifícios, e alcançam o Ser Supremo. Ò Arjuna, se este mundo 
não é um lugar feliz para o que não realiza sacrifícios, como querer que o outro 
mundo seja? (4.31) Veja, 
também, 4.38 e 5.06.   Muitos tipos de disciplinas 
espirituais estão descritas nos Vedas. Saiba que todas elas são a ação do corpo, 
mente e sentidos, movimentadas pelas forças da natureza.  Compreendendo isto, se alcançará o Nirvana, ou 
salvação (4.32) Veja, também, 3.14.   Para alcançar a salvação a disciplina 
espiritual ou sacrifício devem ser realizados como um obrigação, sem apego, e 
com pleno entendimento que não se é, por si próprio, o fazedor, 
     
 ADQUIRIR O CONHECIMENTO 
TRANSCENDENTAL É UMA PRÁTICA ESPIRITUAL SUPERIOR   A 
aquisição e a propagação do auto-conhecimento é superior a qualquer ganho 
material ou presente, porque a purificação da mente e a inteligência, no final 
das contas, conduz para a aparição do conhecimento transcendental e 
auto-realização – o único propósito de qualquer prática espiritual 
(4.33).   Adquire-se 
este conhecimento transcendental de um mestre auto-realizado, pela humilde 
reverência, pela investigação sincera, e pelo serviço. Alguém autorizado, que 
possua a verdade realizada, irá ensinar você (4.34).   O contato com grandes almas, que têm realizado 
a verdade, auxilia muito. Ler as escrituras, dar caridade, e fazer praticas 
espirituais, por si só, não dão a realização em Deus. Somente uma alma realizada 
em Deus pode despertar e acender outra alma. Mas um guru não pode dar a fórmula 
secreta para a auto-realização sem a graça do Senhor. Os Vedas dizem: “Aquele 
que conhece a terra dá a direção para aquele que não conhece e pergunta” (RV 
9.7009). Diz-se, também, que os preceitos da verdade são essencialmente processo 
individual. As pessoas descobrem a verdade através dos seus próprios esforços; 
têm que remar o seu barco através das águas turbulentas deste mundo material. 
 Os Vedas proíbem a venda de Deus de qualquer 
forma. Eles dizem: “Ó poderoso Senhor de incontável riqueza, eu não venderei a 
vós por qualquer preço” (RV 8.01.05). A função de um guru é a de um guia e 
filantropo, não um tomador. Antes de aceitar um guru humano, deve-se primeiro 
possuir – ou desenvolver – plena fé no guru e desconsiderar as suas fraquezas 
humanas, pegando as pérolas do conhecimento com sabedoria e jogar fora as cascas 
das ostras. Se isto não é possível, deve-se lembrar que a palavra “guru”  também significa luz ou auto-conhecimento, 
que dissipa a ignorância e a ilusão; e a luz chega – de forma automática – do 
Ser Supremo, o guru interno, quando a mente de alguém está purificada pelo 
serviço altruísta, pela prática espiritual e pela rendição.       
Existe quatro categorias de gurus: o falso guru, o guru, o guru 
realizado, e o guru divino. Nesta era, muitos falsos gurus estão vindo para 
ensinar ou entregar um mantra por um preço. Estes falsos gurus são comerciantes 
de mantra. Eles pegam o dinheiro de seus discípulos para satisfazer as suas 
necessidades materiais sem dar o verdadeiro conhecimento do Ser Supremo. Jesus 
disse: “Tome cuidado com os falsos profetas; eles chegam até você parecendo como 
cordeiros por fora, mas eles realmente são como lobos por dentro (Mateus, 7.15). 
O Santo Tulasidasa disse que um guru que pega dinheiro dos seus discípulos, e 
nada faz para remover a sua ignorância, vai para o inferno (TR 7.98.04). Um guru 
é alguém que transmite conhecimento verdadeiro, e completo entendimento sobre o 
Absoluto quanto leigo.  Um guru realizado 
é um mestre auto-realizado mencionado aqui neste verso. Um guru realizado 
auxilia o devoto a manter a consciência em Deus todo o tempo, por seu próprio e 
garantido poder espiritual.  Quando a mente e a inteligência são 
purificadas, o Senhor Supremo, o guru divino, reflete-se em si mesmo na psique 
interior de um devoto e envia um guru ou um guru realizado para ele. Um guru 
real é um filantropo. Ele nunca pede qualquer dinheiro ou um pagamento de um 
discípulo, porque ele somente depende de Deus. Um guru real não pedirá qualquer 
coisa de um discípulo para um ganho para si ou mesmo para a sua organização. De 
qualquer modo, um discípulo está obrigado a fazer o melhor que pode para 
auxiliar a causa do guru. Diz-se que não se deve aceitar qualquer pagamento de 
um aluno sem entregar plena instrução e entendimento do Absoluto, energia 
cinética divina (Maya), natureza material temporária, e a vivência da realidade 
(BrU 4.01.02). Nosso próprio espírito interior é nosso guru 
divino. Os professores externos somente nos auxiliam no começo da jornada 
espiritual. Nossa própria mente – quando purificada pelo serviço desapegado, 
oração, meditação, adoração, canto silencioso dos nomes do Senhor, canto 
congregacional dos sagrados nomes, e estudo das escrituras – torna-se o melhor 
canal e guia para a corrente do conhecimento divino (Veja também os versos do 
Bhagavad-gita, 4.38 e 13.22). O Ser divino dentro de todos nós é o nosso guru 
real, e deve-se estudar como afinar-se com Ele. Diz-se que não há guru maior do 
que a sua própria mente. A mente pura torna-se um guia espiritual e o divino 
guru interno conduz a um guru real e a auto-realização. É dito comumente que um 
guru aparece quando a pessoa está pronta. A palavra “guru” também significa 
“vasto”, e é usado para descrever o Ser Supremo – o guru divino e o guia 
interno.   O mestre espiritual sábio desaprova a idéia de 
um serviço pessoal cego, ou o culto ao guru, o qual é muito comum na Índia. Um 
mestre auto-realizado diz apenas que Deus é guru, e que todos são discípulos 
d´Ele. O discípulo deve ser como uma abelha procurando mel nas flores. Se uma 
abelha não obtém mel de uma flor, ela vai imediatamente para outra flor e 
permanece nela todo o tempo que recebe néctar. Idolatria e adoração cega por um 
guru humano causa danos tanto para o discípulo como para o guru. 
                   
Após conhecer a ciência 
transcendental, Ó Arjuna, você não tornará a iludir-se deste jeito. Com este 
conhecimento você verá a criação inteira dentro do seu Ser Superior, e, assim, 
dentro de Mim (4.35). Veja, também, 
6.29-30. 11.07; 13.   A mesma força vital do Ser Supremo reflete-se 
em todos os seres vivos, sustentando a atividade deles. Portanto, todos estamos 
conectados com uns aos outros como parte ou parcela do Ser. Na aparição da 
iluminação ligamo-nos com o Absoluto (Bgita 18.55), e todas as diversidades 
aparecem como nada mais que a expansão da unidade do Ser 
supremo.       Mesmo se alguém for o maior pecador de todos os 
pecadores, poderá cruzar o rio do pecado pela balsa do auto-conhecimento 
(4.36).   O 
fogo do auto-conhecimento reduz todas as amarras do Karma a cinzas, Ó Arjuna, 
como a chama do fogo reduz a madeira a cinzas (4.37).                  
 A Bíblia, também, diz: “Você conhecerá a 
verdade e a verdade irá libertá-lo (João, 8.32). O fogo do auto-conhecimento 
queima todo o Karma passado – a causa raiz da reencarnação das almas – de modo 
como o fogo queima instantaneamente uma montanha de algodão. As ações presentes 
não produzem qualquer karma novo, porque o sábio conhece que todo o mundo é 
feito pelas forças da natureza; portanto, eles não são os executores. Dessa 
forma, quando surge o auto-conhecimento, somente uma parte do karma passado, 
conhecida como destino, que é responsável pelo nascimento presente, foi exaurida 
diante da liberdade da transmigração, alcançada pela pessoa iluminada. 
 O corpo físico e a mente geram novo Karma. O 
corpo sutil carrega o destino; e o corpo causal é o repositório do Karma 
passado. O Karma produz o corpo, e o corpo gera Karma. Deste modo, o ciclo de 
nascimentos e mortes continua indefinidamente. Apenas o serviço sem egoísmo pode 
quebrar este ciclo, e o serviço sem egoísmo não é possível sem o 
auto-conhecimento. Assim, o conhecimento transcendental quebra as amarras do 
Karma e conduz a salvação. Este conhecimento não pode manifestar-se numa pessoa 
pecaminosa – ou em qualquer pessoa cujo tempo de receber o conhecimento 
espiritual não chegou.  Perda e ganho, vida e morte, fama e infâmia, 
deitam-se nas mãos do seu Karma. O destino é todo-poderoso. Assim sendo, você 
não deve odiar nem culpar a ninguém (TR 2.171.01). As pessoas conhecem virtude e 
vício, mas a sua escolha é ordenada pelo destino ou pegadas kármicas, porque a 
mente e a inteligência são controlados pelo destino. Quando o sucesso não vem, 
apesar dos melhores esforços, pode-se concluir que o destino precede o 
esforço.   OCONHECIMENTO TRANSCENDENTAL É 
AUTOMATICAMENTE REVELADO PARA O KARMA-YOGI   Verdadeiramente, 
não há  nada mais puro neste mundo do que 
o conhecimento do Ser Supremo. Aquele que descobre este conhecimento 
interiormente, de forma natural, no curso do tempo, quando suas mentes estão 
limpas e livres do egoísmo pelo KarmaYoga (veja, 
também, 4.31; 5.06 e 18.768) 
(4.38). O fogointenso da devoção por Deus queima todos 
os karmas, purifica e ilumina a mente e o intelecto, como a luz do sol ilumina a 
Terra (BP 11.03.40). O serviço sem egoísmo deve ser realizado na melhor de 
nossas habilidades, até que a purificação da mente seja alcançada (DB 7.34.15). 
O verdadeiro conhecimento do Ser é reflete-se automaticamente numa mente sem 
egoísmo, e apronta para receber o auto-conhecimento. O serviço sem egoísmo 
(KarmaYoga) e o auto-conhecimento são, assim, as duas asas para alcançar a 
salvação.  Aquele que 
possui fé em Deus, e é sincero na prática yóguica e por sobre o controle da 
mente e dos sentidos, recebe este conhecimento transcendental. Tendo recebido 
este conhecimento, rapidamente alcança-se paz Suprema ou liberação 
(4.39). As chamas da tristeza mental e do sofrimento, 
nascidos dos apegos, podem ser completamente extintos pela água do 
auto-conhecimento (MB 3.02.26). Não há fundamento para pensamentos e ações sem o 
auto-conhecimento.  O irracional, 
o sem fé, e o incrédulo (ateísta), perecem . não há nada neste mundo nem no 
mundo vindouro, nem alegrias, para um incrédulo (4.40).   TANTO O CONHECIMENTO 
TRANSCENDENTAL COMO O KARMA YOGA SÃO NECESSÁRIOS PARA O 
NIRVANA   O trabalho não 
ata uma pessoa que o renunciou – renunciando os frutos do trabalho – através do 
KarmaYoga e cuja confusão a respeito do corpo e do espírito é completamente 
destruída pelo auto-conhecimento, Ó Arjuna (4.41). Portanto, corte a 
ignorância nascida da confusão a respeito do corpo e do Espírito pela tesoura do 
auto-conhecimento, refugiando-se no KarmaYoga, e levante-se para a guerra, Ó 
Arjuna (4.42). |